terça-feira, 8 de julho de 2008

MANIFESTO:A PENEIRA JÁ NÃO TAMPA MAIS O SOL

Manifesto: a peneira já não tampa mais o sol.

A realidade está sendo cada vez mais maquiada e distorcida, cada vez mais irreal... Qual é a situação atual da adolescência? Qual a atenção que os jovens deste mundo sem fundo recebem? As pessoas sabem que existem jovens, mas, sabem quem são eles?
O que eles desejam, ou mesmo temem?
Nada sabem sobre nada. As pessoas são envoltas por um único umbigo: o egoísmo.Dói-me saber que atualmente tapamos o sol com a peneira, claro, isso é coisa recente, nunca houve problemas, somente agora precisamos lidar com eles. Cada jovem existe como uma estrela isolada, desagregadas da via-láctea, quase remanejadas feito o Plutão, pois é, as coisas parecem ser assim...Vejamos a situação de cada jovem em sua especificidade, será que alguém pode me dizer (se conseguir, é claro), o que os jovens enfrentam atualmente? Não O “JOVEM”, este super-herói não, porque este é idealizado à abstração, só existe em nome. Mas o jovem com identidade, aquele que é adicto por algum motivo, ou aquele que é um travesti e não pode estudar por conta do preconceito, quem sabe o homossexual, ou o negro, ou o JVHA (Jovem vivendo com HIV e AIDS), ou sei lá mais quais, inúmeros, infinitos...
Qual a realidade que os rodeia e que cada um faz parte (ou talvez não, é excluído).Vejamos o do JVHA,
o que acontece:
Pouco se sabe sobre estes jovens, por quê? Pergunte a si mesmo. Não os vemos, não os conhecemos, por quê? Pergunte à sua ignorância. Não sentimos falta deles, é claro, pois eles estão enquadrados dentro do super-herói, O ”JOVEM”, que é múltiplo e inexistente ao mesmo tempo. Então, ao se deparar com este quadro, nada mais cômodo e satisfatório para muitas pessoas e (o pior de tudo) até mesmo para alguns, ou muitos, destes jovens, esquecer ou até mesmo não reconhecer e ignorar a realidade concreta e massacrante. Pois bem, a realidade é voltar os olhos para o tratamento que recebemos, o tratamento do “coma o teu pão e sossegue, pois a vida está ótima”, ou seja, te dou isto ou aquilo e, você, aceite isto ou aquilo - outro como perfeição divina, pois não preciso lutar por mais nada, basta-me aqui. Nada atualmente é mais claro. Percebam que, fazer algo em prol de uma mudança drástica, não é aceitar a realidade tal como é (levando em conta que é completamente insatisfatória), mas, erguer os cidadãos ocultos para frente do comando de seus próprios interesses. Ninguém melhor para assumir a causa de seus direitos, do que o próprio sujeito. Peço encarecidamente, que, ao erguermos a bandeira da discordância para com a atualidade, é preciso fazer muito além do que já é o básico, neste caso, o mínimo de respeito. Então, não basta montar pequenos grupos que vivem em paralelo à sociedade, fazer com que sintamos acolhidos apenas por um grupo de 10 ou 15 pessoas, mas sim, fazer com que entendamos que nosso lugar é lá fora, que a realidade não é dentro e sim fora e, que não há ninguém melhor para conquistar estes espaços do que nós, próprios sujeitos e agentes da mudança ou continuidade deste padrão maquiado. Como disse uma companheira, Beatriz Pacheco, “por que temos que nos esconder? Por um acaso cometemos algum crime por viver com o HIV/AIDS? É alguma vergonha?”. Não somos fugitivos da sociedade, não cometemos erro algum. Se há algum erro nesta história, são das pessoas que discriminam e são adeptas a excluir mesmo sem saber bem o porquê,
e isto tem um nome,
ignorância.
Thiago Victor.
Jovem do VHIVER/BH

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